sexta-feira, 7 de maio de 2010

Mãe - essa mulher…


“A Mãe é a mais bela obra de Deus”

Almeida Garret

Existe uma única entidade perfeita por sobre a face da terra. Ela é inatacável, absoluta, irreparável e à prova de todas as provações.

Ela dispensa tratados internacionais e maiores explicações. Suas razões ultrapassam o previsível, o justificável, o usual. Em verdade, ela se impõe pela força intrínseca do amor e da fé que remove as montanhas e enfrenta o mundo.

Não há força que supere a sua força. Não existe medo que a intimide, nem percalço algum que a desanime.

No gênero humano a perfeição se materializou na figura da mãe. Seu ventre abriga por parcos meses o homem de amanhã, mas suas mãos conduzem vida afora aquele que jamais deixará de ser criança frente aos olhos de seu coração.

Retorno num lapso de tempo, no mais profundo da memória ainda vida, e me reencontro no chão de Assis, com o cheiro da terra vermelha, com o barulho do vento balançando as árvores, minha Vila Operária onde morava, as longas caminhadas pela cidade, os pés descalços no mato atrás de jabuticaba, pitanga, jambo... Tantas boas lembranças de uma infância pobre, mas feliz. Mas nenhuma delas superando o olhar significativo, perspicaz e doce de minha mãe. A mesma mirada firme, resoluta, suave e solidária, que em um quarto de século acompanhou a minha vida, deu alento, deu refúgio e me dava paz de espírito…

Minha mãe sempre soube a hora certa de deixar que cada um de seus filhos seguisse seu caminho pela vida; vejo hoje que ela sofria com cada escolha que fizéssemos, mas era necessário que seguíssemos nossos caminhos… Era uma mulher de pouquíssimas letras, mas Dona Maria era mais sábia que os quatro filhos que gerou e formou. Mal tendo mal saído das terras que nasceram são cidadãs do mundo, pois são versadas em vida natural, e doutoras nos mistérios da existência humana, e principalmente, na sensibilidade da convivência espiritual familiar.

A figura de nossas mães é o espelho de nossas almas. E, essas mulheres que batalham e formam famílias, que geram filhos e os educam; que trabalham e lutam e, que constroem caminhos e enfrentam a dureza dos desafios da vida são exemplos a serem exaltados, homenageados e seguidos. Penso eu que os certificados que recebemos nas nossas formações universitárias são pouco ou nada se comparados à sabedoria daquela: suave e doce Senhorinha dos interiores de nosso Brasil…

É bom lembrar que hoje a mulher tem papel destacado em nossa sociedade, pois dá à cidadã o tratamento respeitoso que lhe é devido, resgata-lhe as potencialidades de nossa imensa força de trabalho feminina, e as igualdades de oportunidade no mercado de trabalho – mesmo que não sejam muitas. A mulher deixou a posição subalterna que a sociedade atrasada e reacionária insistia em destinar-lhe, e ela, com a coragem que lhe reconhecemos, jamais aceitou. Milhões de mulheres brasileiras continuam criando seus filhos, mas também há aquelas que comandam hoje grandes empresas; não perdem a doçura, mas assumem responsabilidades e sabem tomar decisões. Não importa se não são as mais belas do mundo, segundo os padrões consumistas do Mercado, mas sempre são guerreiras destemidas quando chamadas à luta.

Milhares ou milhões de mulheres compõem a força produtiva da economia nacional; elas mostram ao mundo sua capacidade e a diferença que fazem na construção de um país que tem colecionado indicadores sociais e econômicos que apontam a rápida caminhada rumo à condição de primeiro mundo. Assim, hoje a situação da mulher na sociedade brasileira apresenta avanços impressionantes, com maior participação política, social e econômica, inclusive, com a ocupação de postos de relevância na administração pública; mostrando o estágio avançado a que está se chegando o protagonismo da cidadania feminina na gestão dos destinos de nosso país.

Mas, ainda persistem graves problemas a serem superados na sociedade brasileira em relação à mulher. E, por incrível que pareça, apesar de todos os avanços que já presenciamos a discriminação ainda existe e pode ser notada, e ela é fruto da desinformação tanto quanto do preconceito. Se a política de cotas raciais foi um sucesso garantindo aos nossos irmãos afro-descendentes e indígenas no acesso às universidades públicas; deveríamos estabelecer a discussão de cotas mínimas para a participação da cidadania feminina em várias modalidades, como, por exemplo, o serviço público. Pois, as mulheres têm mostrado seu valor e conquistado seus espaços na sociedade brasileira por méritos próprios, mas nem por isso devemos deixar de reconhecer a existência lamentável do forte resquício de machismo, inclusive entre as próprias mulheres, e tentar eliminá-lo criando mecanismos que ampliem os horizontes de tais conquistas.

Perdoem-me a exaltação política, mas falar do valor de nossas mulheres é prestar homenagem sincera às mães. Porque elas não somente embalam nossos sonhos, curam nossas feridas, ou somente olham por nós e se doam por completo – desdobrando-se fibra por fibra, com a doçura e a fortaleza que só elas têm; elas são divinas Mulheres, que ao contrário da Eva – companheira de Adão –, estas mulheres são geradoras da Humanidade.

Homenageio as Mães em seu dia nas figuras das mulheres pobres e desconhecidas que vejo no meu dia-a-dia, quando percorro as ruas destas megalópole de concreto, cujos governos insistem em tratar seus munícipes enquanto números estatísticos, e não como ser social e cidadãos de seus domínios, que de seus não há nada, posto que lhes são delegados.

Homenageio as Mães relembrando as mulheres sofridas e muitas vezes esquecidas nos sertões e interiores deste país, pelos filhos que em buscar do sonho capitalista, e consumista do bem viver há muitos anos nem mais sabem do rosto daquela que lá foi deixada…

Homenageio as Mães voltando há trinta anos de minha memória que jamais se apagará, recordando com brilho nos olhos e um sorriso saudoso da imagem viva que carrego daquela que enquanto pode me foi esteio, e presença marcante em minha vida.

Aproveitem o comercialíssimo Dia das Mães no que ele tem de bom: e lembrem-se da instituição perfeita (família), da entidade do bem (amor), da mais sublime das criaturas (nossas mães). Eu vos amo muito, de coração!

Delúbio Soares, e adaptado as minhas características e vida.

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