quinta-feira, 21 de maio de 2009

Meditação

Senhor, gostaria de ser um bonzo budista

que procura a libertação, respeita a natureza;

mas preciso de um Deus vivo.

Ou um brâmane-hindu

que vive a não violência;

mas eu combateria as castas

e comeria carne assada de vaca,

num domingo à tarde.

Gosto de Confúcio e do seu Zen,

a filosofia suprema do amor;

mas recuso-me a morrer para sempre.

Quero aprender com o islamita

a crer, fortemente, em Deus

a rezar, profundamente, cinco vezes por dia.

Mas por que não deixam as mulheres

rezar com eles, lado a lado?

As mulheres rezam muito bem.

Recordo o velho de Angola

aspergindo o chão debaixo do embondeiro,

com sangue de bode, ainda quente.

Não ri. Fui vencido por sua fé no Grande Espírito.

Rezei com ele a oração que ele não sabe:

“não nos deixes cair na tentação,

mas livra-nos do mal”.

Quando eu lhe disser que o Grande Espírito é Pai,

ele rirá eternamente.

Quero ser hebreu.

Mas como Paulo, José, Maria...

Não sei esperar um Futuro

que já vive nos homens.

Luz, Senhor, para nossos avós, cegos.

E obrigado porque nos mandaste Cristo,

a Luz, o Sábio, o Profeta, o Grande Espírito,

o Messias, o Irmão.

Manuel Rouxinol (Marília/SP – 1975)

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